Cantor
sertanejo está estourado com o sucesso "Cabelo cor de ouro"
Gusttavo
Lima com dois 't', por sinal. Pode até parecer frescura de artista do
show business, ligado à numerologia e outras superstições, mas não
é. O cantor, recém-chegado ao modismo do sertanejo universitário,
provou o contrário. Não se mostrou celebridade não-me-toques. Afinal,
Gusttavo Lima aos pais: Alcino e Sebastiana e para certidão de nascimento
ainda se chama Nivaldo Batista Lima. Faz piada: "Não sei o porquê
do meu pai escolher este nome. Acho que estava chapado". Reconhece,
após ter saboreado toques de fama: "Com este nome não conseguiria
fazer sucesso".
O
ritmo de shows, conta, corre de rédeas soltas. Em maio, 27 apresentações.
"Tenho que fazer dobradinha: um show em cada cidade no
mesmo dia", explica. Para tanto, conta com um jatinho particular.
"Facilita, né?".
Antes
de contar boa parte de sua vida por telefone, Gusttavo Lima fez questão
de colocar os pingos nos 'is'. Não guarda nenhuma semelhança com Luan
Santana, gosta de esclarecer. "Há uns anos, existia muita confusão.
As pessoas faziam muitas comparações. Somos muito diferentes". A
pedido, cita a principal diferença entre os dois, que acampa na
sonoridade: "Sou mais ligado ao sertanejo raiz e apaixonado. Ele
é mais pop". A fim de eliminar qualquer dissabor pairando
no ar, o cantor de 21 anos traz exemplos em tom diplomático:
"Se fosse assim, se existisse já Zezé di Camargo & Luciano não
poderia ter Bruno e Marrone".
Gusttavo
Lima compõe as músicas que canta. Detalhe: das 22 canções
gravadas em seu recente CD/DVD: "Inventor dos Amores", 16
guardam a assinatura do cantor. Ao todo, conta sem sobressaltos, escreveu
aproximadamente 150 músicas. Sobre o menu de assuntos abordados nas
composições, lista as predileções: paixão, balada, boate,
paquera, amor e, porque não, dor de corno. "Busco me inspirar em
fatos reais que aconteceram comigo ou amigos próximos". Às
vezes, também imagina situações. As canções gravadas, frisa em vários
pontos do papo, tanto enfatizam a melancolia quanto estimulam
a dançar. Proposital. "Quero fazer parte da vida das pessoas.
Escutar delas, como já escuto: 'sua música conta a minha vida' ou 'começamos
a namorar ouvindo você.
Para
dar autenticidade à veracidade das composições, Gusttavo Lima se
recorda de "Cor de Ouro" ("Esse cabelo cor de ouro é que
me deixa louco/ Esse sorriso nos seus lábios que eu me entrego
todo..."). A música foi composta para conquistar uma namoradinha.
Dito e feito. "Cantei para ela, mas o namoro durou só 20 dias. Ela
era muito ciumenta, não entendia meu trabalho". Na canção,
"Rosa, Versos e Vinho", interpretada apenas pelo cantor, a história é
mais séria. Um homem cancela a reunião, larga tudo, muda-se da cidade
para o campo, troca de santo.... Tudo isso, para conquistar o coração
da amada. Acredita mesmo nesse tipo de amor, perguntarão os incrédulos
da paixão. "Quem ama de verdade, faz tudo pelo outro. Larga
tudo". Completa, após ser questionado: "Nunca passei por
isso...".
Na
atual turnê, Gusttavo Lima também canta: "Caso
Consumado", "Revelação", "Eu te quero sim",
"Arrasta", "Furacão", "Larguei de ser
Besta", "Prazo de Validade", entre outras. Quanto à
composição predileta, escolhe: "Inventor de Amores" ("Meu
coração apaixonado atormentado em dores / Procura entre os outros, o
inventor dos amores..."). Além de batizar o trabalho, a
canção no DVD faz Gusttavo Lima dividir o palco com a dupla Jorge
& Mateus. "Foi a música que alavancou a minha carreira".
Apesar de não ter escolhido todas as canções do próximo CD,
que já tem nome: "Gusttavo Lima : Fora do Comum", o cantor
anuncia uma: a regravação de "Quem tem sorte, é sorteiro".
Fãs
em euforia Gusttavo Lima já saboreia a fama. Nasceu em Presidente Olegário,
em Minas Gerais, mas atualmente mora em Patos de Minas. "Fica
complicado andar na rua", tenta trazer à fala tom de humildade.
Contudo, as fãs frenéticas ainda espantam o rapaz: enquanto algumas buscam
arranhar o rosto do cantor em busca de um furtivo beijo na boca, outra
invadiu seu ônibus. "Cheguei lá e ela estava na minha cama.
Deitada". A reação: "Tivemos que tirá-la, porque viajaríamos
naquela noite ainda uns 800 quilômetros". Uma suposição: se a
viagem não existisse? "Daí...", gargalha o cantor.
Começo
em Folias de Reis
Antes de se tornar Gusttavo, Nivaldo começou a cantoria de forma
religiosa. Ao mesmo tempo em que tocava violão na igreja para embalar o
coral, o jovem entoava hinos de reis na Folia de Reis de seu pai.
"Fazia a última voz, aquela bem aguda", lembra. A religiosidade
católica da infância ("fui coroinha, mas nunca pensei em ser
padre", destaca) ainda sobrevive. No peito, o cantor traz à mostra
uma medalha de São Jorge. "Sou devoto dele. Rezo sempre antes
e depois dos shows".
Influenciado
pela cantoria na família, aos nove anos participou ao lado dos irmãos do
Trio Remelexo. Os irmãos Lima cantavam de sertanejo à
MPB. "Tocávamos em barzinhos e festas de aniversário. Precisávamos
ser ecléticos", avalia. O trio não durou muito tempo. Quando
se desfez, o cantor foi para Brasília. Lá, conheceu Alessandro. Em pouco
tempo, os dois criaram a dupla Gustavo e Alessandro. A dupla
sobreviveu seis meses. A partir de então, resolveu apostar na carreira
solo. Desta vez, Gusttavo Lima, com dois "t". "Quando fui
registrar o nome, já tinha um Gustavo com um 't'. Precisei colocar mais
um".