Ex-Gogoboy
Allan Pontelo morre após confusão na casa de shows Hangar 667 em
BH
Fez
sucesso na noite LGBT entre 2011 e 2012 com shows
na Josefine e Club Ferveção
O ex-gogoboy
Allan
Pontelo,
de 25 anos morreu, na madrugada do sábado (2.9),
depois de uma confusão no Hangar 667 em BH. Ele
usava codinome Apolo
na época em que fazia shows entre 2011 e 2012, onde fez
história na
Josefine
e no Club
Ferveção
em BH. De acordo com a Polícia Militar (PM),
militares foram chamados ao local porque ele
estaria portando drogas. Contudo, o corpo
apresenta sinais de violência, e um amigo relatou
agressões. Parentes afirmam que Allan Guimarães
Pontelo foi espancado por seguranças. Ele era
fisiculturista e estudante de educação física,
segundo a família. O corpo passou por exames no
Instituto Médico Legal (IML) para determinar a
causa da morte.
De acordo
com a Polícia Civil, o resultado da necropsia
deve sair em 30 dias. Amostras de sangue e urina
também serão analisadas.
A boate
Hangar 677 é uma espaço de eventos e fica
localizada no bairro Olhos d'Água. Os advogados
da empresa ainda não se manifestaram.
A Polícia
Civil ainda não informou detalhes sobre a
perícia. Escoriações no corpo, manchas de
sangue nos pés e na boca foram relatadas pela PM.
Um correntinha usada pela vítima também estava
suja de sangue, a calça e a blusa estavam
rasgadas.
De acordo
com o tenente Jerry Adriane de Abreu, que atendeu
a ocorrência, seguranças disseram que o rapaz
foi portava cocaína e ecstasy e ficou muito
agitado ao ser abordado. Ainda conforme o militar,
falaram também que Allan teria ingerido
substância entorpecente e pode ter falecido após
ataque cardíaco. Há também a versão de um
amigo da vítima que relata que o jovem foi
abordado por três seguranças e levado para um
local isolado, conforme o militar. A informação
inicial é de que não há câmeras neste ponto,
perto dos banheiros.
Por volta
das 11h, a PM informou que constava do boletim de
ocorrência que o amigo disse ter sido intimidado
por um dos seguranças que abordaram Allan no
banheiro. A informação foi passada pela sala de
imprensa da PM. No registro, o amigo afirma que o
segurança encostou o cano de um revólver nele e
pediu que sumisse.
No boletim,
o responsável pela equipe de segurança afirma
que, ao ser abordado, Allan correu, pulou grades e
caiu ao solo desacordado, segundo a PM.
O pai e a
namorada da vítima falaram emocionados sobre o
caso. “Simplesmente foi uma brutalidade, um
menino formando, estudando, trabalhando, saiu pra
divertir”, disse Dênio Louis Pontello. Ele
afirmou à reportagem que acredita que o filho foi
assassinado. Afirmou também que, em revista
policial, nenhuma droga foi encontrada no carro do
filho. A namorada também afirma que teria havido
agressão e pediu punição.
"Não
tem motivo, entendeu? Qualquer coisa que ele
fizesse não tem motivo pra matar, entendeu? Se
ele tivesse traficando, tinha que ser preso. (...)
Qualquer coisa que ele tivesse fazendo não tem
motivo pra matar uma pessoa (...)", disse a
fotógrafa Marcela Paiva, namorada de Allan.
A polícia
também informou que seguranças entregaram uma
embalagem com drogas afirmando que foi encontrada
com a vítima. Junto ao corpo, não havia qualquer
tipo de droga, conforme a polícia. Os militares
também disseram que, quando chegaram ao local,
uma equipe médica tentava reanimar Allan.
Na manhã,
dois funcionários da boate prestavam
esclarecimentos na 126ª Companhia da PM, no
Estoril. Parentes também estiveram no local. Na
parte da tarde, a Polícia Civil já havia
assumido o caso e informou que um segurança e um
amigo da família eram ouvidos como testemunhas
por um delegado. Ninguém foi preso. O velório e
enterro aconteceram em Sete Lagoas, sua cidade
natal.
Pouco mais
de um ano após a casa de shows completar um ano
de existência, vários são os casos de
agressões ocorridas no Hangar 677. Segundo o
delegado Flávio Grossi, titular da 4ª Delegacia
de Polícia Civil do Barreiro, pelo menos cinco
agressões tiveram algum tipo de ligação com o
estabelecimento no período de um mês e meio, no
ano passado.
Em nota
envida à imprensa na tarde deste sábado, a
assessoria da boate informou que o jovem reagiu a
uma abordagem, após suspeita de uso de drogas, e
desmaiou (veja na íntegra, abaixo) e que foram
feitas tentativas de reanimação por médicos.
"Com
relação às notícias que vem sendo veiculadas
na imprensa sobre a morte do jovem Allan
Guimarães Pontelo, temos a esclarecer: - Os
seguranças foram alertados sobre um jovem
suspeito de fazer uso de drogas no banheiro do
local. - Ao ser abordado, o jovem reagiu e tentou
fugir, mas foi conduzido para fora do evento,
quando desmaiou. - Ele foi imediatamente socorrido
e conduzido ao Posto Médico de plantão, que
conta inclusive, com UTI Móvel, sendo atendido
pelo Dr. Pedro Henrique. Todos os esforços
médicos possíveis foram utilizados no sentido de
reanimá-lo. - O SAMU também foi acionado e
chegou ao local com duas unidades. Infelizmente, a
equipe de atendimento também tentou, sem sucesso.
- Tais fatos estão sendo investigados e apurados
pelas autoridades competentes, chamadas ao local
pela gerência.
Estamos
à disposição das autoridades para os
esclarecimentos que se fizerem necessários.
Lamentamos profundamente o ocorrido e aguardamos
os esclarecimentos dos fatos".
Poucas horas
após o fisiculturista Allan Guimarães Pontello
morrer na boate Hangar 677, na madrugada do
sábado (2), várias pessoas já protestavam na
página do Facebook da casa, reclamando, na maior
parte dos posts, contra o tratamento dos
seguranças.
Numa das
mensagens, inclusive, um internauta fala de “seguranças
assassinos, que ao invés de proteger e garantir a
segurança de todos, te faz sentir medo”. Em
seguida, diz esperar que “paguem muito caro
por terem tirado a vida desses meninos, e de forma
tão cruel”. O post refere-se à versão em
que o fisiculturista teria sido levado pelos
seguranças e aparecido morto, feita por amigos de
Allan.
De acordo
com o depoimento dos seguranças à Polícia
Militar, Allan foi flagrado usando drogas e teria
tentando fugir, sofrendo um ataque cardíaco.
“Vocês
têm noção disso? Fechar, ser preso e pagar uma
multa indenizatória altíssima pras famílias é
o mínimo, e é muito pouco”, prossegue um post.
Outro internauta postou que a morte aconteceu “por
mais uma abordagem dos 'seguranças' bandidos
armados que a casa emprega”.
Na própria
página da Hangar 677 foi criada a hastag #forahangar677,
enquanto outros reclamavam da falta de uma
declaração oficial da casa, localizada no bairro
Olhos d'Água, região Oeste de Belo Horizonte.
“Não há um comentário por parte do
empreendimento. Acho isso impressionante”,
escreve outro.